domingo, 27 de janeiro de 2013

Não sabia...



Eu recordo o riso ecoando nas ruas desertas
Eu sinto a pressão dos teus dedos entrelaçados
Eu revejo as ruas que percorremos:
Juntos, sorridentes e enamorados!

E se o dia era calor, a noite era…
Cetim, renda e lençóis…
O teu sorrir, as tuas palavras,
Do meu sentir, anzóis….

E nas tuas mãos depositei inocência
E no meu corpo recebi teu estremecer
Julguei, amor…
Julguei, saber…


Um dia chegou e com a noite manchou a pureza
Era prémio e não sabia,
Era vítima e não queria,
Ser atraiçoada assim…

E na dor, ruí
E no sofrimento, repeti
Pensei, que o amor não era para mim
E o amor não quis!

Hoje, revejo o riso ecoando nas ruas desertas,
Sinto a pressão dos teus dedos entrelaçados
Sobretudo, nas ruas que percorremos
Juntos, sorridentes e enamorados!

Se sucumbi ao desejo, porque te merecia,
Cedo rastejei na armadilha!
Era prémio e não sabia…
Não sabia…

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Não sou Inês! (Vigésima segunda carta)


Autor desconhecido (contém hiperligação para a página de origem)

Não é meu ensejo ver-te subjugado
Temo que ainda tenhas o poder de me domar
Reconheci-o no primeiro contacto que tivemos
Repudiei-o de imediato!

Mas a mente prega-nos partidas e o coração rasteiras
Enquanto fugia, um desejo secreto cresceu
Uma vontade expressa de não ser senhora de mim
Um estado embriagado pelo inebriante prazer.

As pernas a tremer, o frio no ventre,
A vontade de ceder a uma vontade igual à minha,
Cresceram em mim como ervas daninhas
Plantaram sementes em cada pensamento que tinha.

Sem espaço para mais nada
Abri a janela deixei entrar o calor
Entreabri os lábios para um beijo demorado
Deixei-os suspensos, em infinito ardor.

Desejos secretos tecidos na pele
Devaneios da mente
O perigo não reside no nome que lhe damos
Flutua na densa sombra do que se sente.

Não vendo ilusões, não sou a tal Inês da História
Não procuro prisão dourada
Não procuro posição de poder
Sou um fio invisível, consciente da nossa jornada.



segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Com Geraldo Coelho Zacarias


Onde…

Onde você estiver
e em qualquer
da sua vida momento;
quando a frieza da saudade
em confronto com o calor da ansiedade
(mesmo que não queira)o meu sentimento,
que muito a você me impele;
sentirá na sua pele
junto à carícias do vento...

Onde você estiver
e em qualquer
momento da vida sua;
quando por um curto espaço breve
um corpo celeste se opor a outro se atreve;
conclua:
que quando em noite se faz o dia;
(mesmo que não queira)do meu amor a  ousadia,
verá escrito na lua...

Onde você estiver
e em qualquer
momento do seu dia a dia;
quando na terra, no ar, nos céus; os astros
haverão de deixar então os rastros
do meu amor a ousadia;
(mesmo que você não queira)
a sua vida inteira...

de: Geraldo Coelho Zacarias, 31 dezembro de 2012, em PEAPAZ

Concluo…

Concluo:
Por ti, amei a lua
«Amo-a, ainda.»
Crescente no meu peito,
mingua os meus receios,

Por ti, amei o sol
«Amo-o, ainda.»
Aprendi a ver as tuas cores
Absorvi as tuas formas.

No eclipse do sol,
ou na lua nova,
foste brilho e eu amei.
«Amo-te, ainda»
Sob um manto que se dizia negro,
Desejo, iluminou os teus contornos.

Breve carícia,
um momento,
calorosa ansiedade,
toque subtil do vento,
Amor escrito nos Elementos.
«Leio-o, ainda»

Onde quer que esteja,
num Quando que é sempre,
tua, a vida inteira.
«Ainda que não queira»

de: Ema Moura em 5 janeiro 2013, em PEAPAZ


Imagem: José Alambre



sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Elo (Décima segunda carta)



A lembrança que carrego atraiçoa as tuas letras
Vibrações das profundezas dizem-me para não acreditar.
Sim, conheço o ditado e sei que sofro dessa cegueira
Tomo consciência e vejo tudo em que acredito desabar.

A morte do sonho que se recusa a finar é possível?
Existirá alguma forma de o expurgar?
Que me rompam a mente e que me profanem as memórias
Que me retirem todo o sangue e o filtrem antes de injectar…

Pudesse eu esquecer, não desejaria recordar
Sim, dediquei-me à vida que escolhi como se remasse contra a maré
Quantas vezes as ondas me devolveram ao ponto de partida?
Vivo no centro do redemoinho, na mão um fio tecido pela fé…

Não, não é com crueldade que desatas o laço que outrora teci
Que culpa tens de acreditar que o possas fazer…
Não foi nesta vida que o fiz, não pode ser quebrado.
É uma bússola estelar na Passagem das Almas, entre a Morte e o Viver!

Sim, vivo num jardim suspenso no Tempo e no Espaço
Apenas conheço uma noite e uma lua…
Sempre que fecho os olhos revivo a tortura…
[Um dia é só um dia se não estiver preso a uma promessa!]

No meu castelo de ar, a noite é eterna
O Tempo molda-se nas palavras que escrevo,
Deixo que o Vento as leve para o céu estrelado
São recados, fios, cabos…