Respiro e concentro-me no caminho que seguiste,
penso no homem que sempre desejei que fosses,
nos gestos assertivos que nunca tiveste.
Suspiro e caminho seguindo o rasto agitado
de um vento que fustiga em abundante arrogância.
Temo pelas horas que não traz de volta...
Horas sem ponteiros que agravam a distância.
Penso nos teus pedidos sussurrados
como carícias carentes de afecto,
perdendo-se pela carne,
nunca atingindo a alma.
Quem sou, tornou-se a mais importante interrogação.
Muito mais do que essas outras ladras do tempo:
Quem és tu e onde estás? – Perguntei-me incessantemente.
Respiro, suspiro e penso!
Penso neste sentimento que já conheceu o sol.
Agora, oculto-o entre as nuvens cinzentas
para que possa sussurrar nos dias de tempestade.
Adoro que chova porque o sinto!
Rosto molhado, frio que se entranha na pele.
São fios de água, que descem desse céu barulhento,
atraídos por este corpo que o tempo não parou.
Desolado deserto ou solitária ilha?
Vivo a miragem do náufrago,
agarro-me ao nada que me dás:
_ Uma fome imensa, uma fome intensa!
Poema sem sentido, este fogo habilmente tecido
por actos imaginados tão pobremente vividos.
Sim, recordo os beijos roubados, molhados,
e os crescentes pedidos gemidos e sofridos.
A minha alma perdida
entregar-se-ia ao devaneio carnal
por esta obsessão visceral,
este querer-te tanto,
porque te quero ainda…
Voltar…
Respiro...
Suspiro...
Penso no dia...
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