Insistes numa história que não passa de uma narrativa
e o que da minha parte acrescento e conto,
creio que não queres ouvir:
_Há verdade na mentira.
A história pesada, cravada em cada passo que dou,
é verdade e realmente aconteceu
[Reforço para que não duvides]
É bagagem minha que carrego no coração.
Quando parti, deveria a ter perdido ou jogado fora.
Levei-a comigo por onde fui e aonde cheguei...
Não te vou dizer porque ficou...
Creio que nem eu mesma sei.
Ao longo de décadas, trocámos silêncios de circunstância
Por vezes, até consegui ignorar a tua presença…
Mas sempre houve algo no ar... Insolente afecto,
que eu, constrangida, refugiei-me na segurança da indiferença.
Não era somente de ti que fugia
e indiferente, na verdade, eu não fiquei
Mas como e para quê o dizer-te?
O juízo que me toma já não é completo
e brincar com o fogo não me faria bem…
Contigo, tanto ardi, que me queimei
- foi difícil viver perdida -
e não curando essas primeiras feridas,
tornei a dor numa velha conhecida.
Não falemos mais… Deixa que me recolha
A ti, a quem amei com puro ardor,
[tu que habitas nos ecos da minha mente]
eu peço, mais do que me confesso:
_Amor, promessa de vida, não te
faças presente...
Fotografia de Fábio Martins (contém hiperligação para a página do Autor) |
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