Surrealista realidade,
eu ter feito mais pelas suas palavras,
do que estas por mim fizeram
Eram como pedras preciosas guardadas no cofre da mão
[se fosse apenas aí que as tivesse guardado,
não seria tão difícil aceitar]
A natureza humana é o que é,
cheia de palavras, mas de gestos vazios,
que quando mais importam,
quando mais se justificam,
falham.
Surrealista
ter eu feito tanto pelas suas palavras,
não olhando ao tamanho dano
do que me fazia:
Sangrei ao querer segurar o seu significado,
rosa veludo de espinhos cravados
que num abraço de punhais.
traíram a minha fé.
Surrealista realidade
vestida de palavras vazias,
que me deixaram órfã de casa,
entregue a um abandono
que embora doloroso
me fez crescer tanto.
Surrealista
uma ausência punida,
estando eu tão presente.
Mas o que fiz por meras palavras
tão facilmente influenciadas,
eu agradeço, de coração aberto
[doloroso processo o de rasgar
com os dentes o próprio cordão umbilical]
Agora estou livre, de asas reforçadas,
para o que vier a seguir...
Por mais surrealista que seja
viver numa realidade
que não reveste de Verbo,
as palavras que nos oferecem.
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