Caminham lado a lado num silêncio que perturba o vazio crescente entre eles.
Inspiram com dificuldade, até para atirar, para o ar, palavras banais como miolo de pão para as pombas do jardim. Palavras de desgaste rápido sobre o estado do tempo, a cor das pedras da calçada.
Ele olha em frente, Ela olha para o lado.
Evitam olhar um para o outro, pois sentem o constrangimento de quem queima fósforos sem obter uma fonte de calor.
Não há beijos roubados, nem dedos entrelaçados...
Ainda assim, Ele insiste em chamar-lhe amor e espera que ela o ame, apenas porque respira perto de si. Um dia terá sido assim, mas nessa altura Ele não lhe dava nome algum.
Caminham lado a lado em crescente distância, sonhos sem lugar comum.
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