Parte! Pouco me
importa que te afastes
Tu que nunca tiveste
próximo e que de mim nada sabes!
Não é por despeito
que falo, ainda que por vergonha cobrisse
a pele, que nua, é
uma extensão da tua.
Sorri e pergunta
como estou! Que me importa?
Que outras palavras
guardas para quem se alimenta
do teu falso
reluzir, trágico tesouro, refúgio de um cobarde
que se abriga da
própria tormenta?
Grita para que todos
ouçam! Sim, estou louca!
Que outra te
protegeria com a própria vida?
Tu que atentaste
contra as minhas mais inocentes esperanças,
te despiste de todas
as lembranças que a mim volviam…
Ignora! Finge que
desconheces a sorte dos ventos que semeias
Gestos de
sentimentos fingidos, armadilhas sorridentes:
Engano, engodo,
traição e logro!
Cultura de corpos
esventrados ou corações penitentes!
Que me importa que a
tua consciência te deixe dormir?
O teu descanso é
falso e a tua moral é vil
Tu que procuras
encantos, em alcovas alheias, sabes que
o teu seduzir tem
teias e o teu gesto convence apenas a imbecil!
Aquela que é a tua
nova consorte, que outra sorte não teve,
pois ao comprar a
carta sedutora partilha o teu membro viril
Como poderá alguma
vez saber que a sua posse te faz pequeno
e que por veneno
cometes pecados mil!
A mim poupaste-me…
Que sorte a minha!
Vendedor dos sonhos
que me fizeram dormir,
o teu beijo traria a
morte que tanto anseio alcançar
Parte! Pouco me
importa que te afastes
Grita para que todos
ouçam! Sim, estou louca!
O teu seduzir tem
teias e o teu gesto convence apenas a imbecil.
A mim poupaste-me…
de morrer como queria, assim, na tua boca.
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