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Viajo nesse rastro
do outrora,
do que não foi e do
que poderia ter sido
e perco-me entre
amargas lembranças
que não deixam
esquecer os sorrisos
e tudo o que poderia
ter acontecido.
São breves momentos
esticados e entrelaçados
por fio sintéticos
que a vida não quis tecer.
São momentos
falsamente vividos, pré-fabricados,
tecidos por nós para
nós, falsa vida de um falso viver.
Ser Criador de um
nada e viver uma existência sem existir.
Um consolo sem
consolar…
Ser tudo e ter tudo…
Coisas que a vida
não me quis dar.
Um pico acima e um
pico abaixo
É o Céu e o Inferno
O Amor e o desgosto
Um abraço e um
safanão
Horas de fome, outra
de abundância
O Inverno e
simultaneamente o Verão.
É ser artista de
circo, malabarista ou trapezista
Viver do perigo, com
o perigo e para o perigo.
Do calor dos
aplausos à solidão da noite.
Das taças erguidas
ao copo solitariamente vazio.
Viver a vida de mãos
atadas,
pedir socorro sem
falar,
definhar e jorrar
vitaminas,
na esperança de uma
palavra ou um olhar.
É mais fácil deixar
morrer do que viver para salvar
Todo o esforço se
perde em mais uma agressão.
Ciúme, um dia.
Desgosto sempre!
Caímos nas malhas da
tola discussão.
É tão fácil olhar
para trás e fazer de conta
que as lágrimas
correram em vão
por erros cometidos
e duramente punidos…
Justiça não foi
feita e a merecida recompensa
foi sempre alimento
de uma só refeição.
Pedaço de pão duro,
osso duro de roer,
pequeno alívio de
tão difícil digestão.
Sonhos de
reconciliação, pura combustão carnívora ou sexual,
fome avassaladora de
engolir esse mundo…
Mas tudo se vai
esvaindo, tudo nos vai fugindo
e depois, quando
tudo acabar, a culpa até foi nossa:
Secámos e não
amámos o suficiente.
Não fomos até ao
fundo do poço.
Apenas andámos à
deriva…
Abaixo do nível do
Inferno.
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