sábado, 31 de maio de 2014

Depois no Vazio (Décima quinta carta)



Despi-me de todos os adereços e protecções,
Pelo chão larguei todos os desejos e pretensões,
Entreguei-me à corrente tépida que me lavou o corpo,
desejando que me levasse também os pensamentos.

Engulo em seco debaixo da torrente de salpicos
Em vão, dispo-me de ti incessantemente.
Não quero, mas sinto-me flutuar contigo ao meu lado
Depois do vazio, estás tu, novamente.

Eu que te vedo entrada nos meus sonhos
e que por ti deixei todas as músicas do meu Ser,
Tenho-te como uma conjugação sempre Presente,
sobretudo nas palavras que ficam por dizer...

É tão fácil afastar-te, é tão penoso ir embora
Mas não posso mais viver neste desamor
Nem calar o que não está certo,
Nem deixar crescer quem Sou.

Toda a minha vida és tu 
e ainda que não entendas
porque mais não te posso dizer,
eu vou deixar que faças o que estás fazer...

[Partir o que já está quebrado,
Quebrar o que não terá conserto,
Eu parto! Eu vou. Prometo.]

Quando tudo estiver perdido,
Depois no Vazio, 
estarás tu, novamente.