segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Exalar




Uma vez mais, respiro fundo e preparo o caminho para partir.
Tu, ficarás perdido no tempo, retido num qualquer lugar
Sim, desta vez, não virás comigo, repito enquanto faço as malas
E desta vez, eu sei que não existe razão para ficar.

Aborreço e irrito-te! Sim, vê como te afasto!
É preciso ter faro, porque sou imperceptível.
O meu movimento não faz ondas, é subtil
e quando deres conta serei inatingível.

Será como se nunca tivesse existido!
Palavras caladas pelo vento,
verbos varridos pela chuva
sentimento abandonado ao relento.

As malas faço a cada gesto teu,
um desgosto, mais uma peça embalada
Ainda assim, o armário ficará repleto
deixo-te todos os sonhos e todas as lágrimas.

Quero partir! Passo leve, impulsionado pela esperança
de um novo começo, um novo número, uma nova morada
Sim, quero sorrir! Leve, rasgado, profundo sorriso...
Sim, quero dançar! Ondulante ventre, alma ritmada.

Porque o sorriso e a dança sou eu
tal como é, o sentir e a poesia
Eu vou partir e tu não virás comigo
e eu...eu não irei indiferente.

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