sábado, 1 de janeiro de 2011

Asserção

Autor desconhecido (contém hiperligação para a página de origem)


Tudo a postos, tudo no seu devido lugar.
Não há palavras soltas, pensamentos conflituosos.
A mente esvazia como a maré, as palavras varrem-se para um canto, os gestos retiram-se defraudados, as intenções são trancadas num lugar onde a luz não chega. Nada se perde sem intenção, nada é deixado no caminho sem que seja revisto.
Sim, revejo as incertezas antes de as dissolver e espremer o que têm de certo.

Com o Tempo tudo se transforma, alguém o pensou e disse!
Ainda que tivesse congelado, o Tempo deixou de estar suspenso, retoma agora o compasso marcado pelas escolhas e pelas consequências.
Sim, ato cada palavra e cada gesto à respectiva consequência, andam sempre de mãos dadas e apreciam a companhia.

Enquanto cresço, penso e enquanto penso e cresço, afasto-me e percorro o meu próprio caminho. Parece fácil de tão natural, mas na verdade não o é!
A natureza é complexa e a realidade é dúbia, bifurcada. Escolhas que derivam de escolhas, consequências que se encadeiam, conexões sem fim à vista, apenas se conhece o acto primordial.

Evito olhar!
Não quero mais olhar para trás e procurar distinguir cada fio que me liga.
É passado, tempo excedido e irrecuperável.
Perda de tempo de um Tempo que quero poupar, investir e multiplicar, afim de o melhor poder dividir.

Não me destaco da multidão uniforme e compacta. Prefiro, agora que cresci, camuflar e absorver, ser apenas um rosto arrastado pela corrente, à deriva como os demais.

Sim, deixa-te fluir nesse curso de água que do qual não sou afluente ou foz. Ainda que um serpentear de dedos te desenhem no ar, não existe perigo, apenas castigo por um tempo verbal mal conjugado, do qual se perdeu o gesto e a voz.

De olhos fechados e de rosto contraído, sigo no caminho que decorei, com obstáculos equivalentes às consequências do gesto.
O gesto é mecânico e a vontade é oca.

Não há palavras soltas, pensamentos conflituosos.
Tudo a postos, tudo no seu devido lugar.

1 comentário:

  1. Gostei. Nao ha palavras para descrever adoro a tua escrita.
    Axx: Filho

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