segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Não é amor! (Décima oitava carta)



Estranhamente sem razão, sem qualquer sentido
Um deserto instalado, de frutos desprovido
Árido, agreste, silvestre
Ainda assim, o caminho que sinto…

Não lhe chamo amor
É um sentimento sem nome
Uma irrealidade absurda
Mistura-se com a vida e a confunde

É o som mais leve na cauda da sinfonia
A perturbação no ar, rasto do voo
O gesto secreto do mimo
A primeira gota de chuva

É um passeio de pensamentos desalinhados
Uma subcorrente que desvia
Um gesto não pensado
Uma vontade silenciosamente repetida

Ainda que partilhe da essência do sonho
e do aroma da dor
Ainda que não se possa viver, nem se possa matar.
Não é amor!

Ema Moura

2 comentários:

  1. Oh oh como percebo esta carta.
    Estas cada vez melhor impressionante

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Edu, amigo, grata pelo teu comentário!
      Um grande abraço,

      Eliminar