sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Elo (Décima segunda carta)



A lembrança que carrego atraiçoa as tuas letras
Vibrações das profundezas dizem-me para não acreditar.
Sim, conheço o ditado e sei que sofro dessa cegueira
Tomo consciência e vejo tudo em que acredito desabar.

A morte do sonho que se recusa a finar é possível?
Existirá alguma forma de o expurgar?
Que me rompam a mente e que me profanem as memórias
Que me retirem todo o sangue e o filtrem antes de injectar…

Pudesse eu esquecer, não desejaria recordar
Sim, dediquei-me à vida que escolhi como se remasse contra a maré
Quantas vezes as ondas me devolveram ao ponto de partida?
Vivo no centro do redemoinho, na mão um fio tecido pela fé…

Não, não é com crueldade que desatas o laço que outrora teci
Que culpa tens de acreditar que o possas fazer…
Não foi nesta vida que o fiz, não pode ser quebrado.
É uma bússola estelar na Passagem das Almas, entre a Morte e o Viver!

Sim, vivo num jardim suspenso no Tempo e no Espaço
Apenas conheço uma noite e uma lua…
Sempre que fecho os olhos revivo a tortura…
[Um dia é só um dia se não estiver preso a uma promessa!]

No meu castelo de ar, a noite é eterna
O Tempo molda-se nas palavras que escrevo,
Deixo que o Vento as leve para o céu estrelado
São recados, fios, cabos…


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