quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Perco-me


Ema Moura


Sempre que chega a hora de partir
eu digo: vai!
O meu coração diz espera
e o meu corpo diz vem…
Perco-me nesta conjunção verbal
de diferentes intenções por conjugar
e tudo que me resta é olhar
esperar, ver o tempo a passar…
Perco-me numa hora incerta no tempo e na forma
Indefinida no sentimento e na intenção
Fronteira por delinear, espaço por medir
Ausência que alimenta a ilusão!
Perco-me a contemplar o tempo que voa
Magia, feitiço, encantamento
Tal Moura presa na fonte,
sem dela poder beber!
Perco-me nos sonhos que preenchem os espaços,
nas palavras que são o plasma que me corre nas veias
Vivo no limiar, contida ou ausente, de invólucro aberto!
Perco-me na tentativa vã de encontrar a flexão correcta
Aquela que exprime existência e que me liga ao aqui e agora
Uma sede que não conhece a paz, pela qual me perco!

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